Izabel



                                        IZABEL





Nasci bárbara: Celta certa da incerteza de ser livre ou rebelde. Rainha dominadora, construí minha casa em Castels e coroei-me de montanhas envelhecidas de cabelos brancos, atormentada por pessoas de língua estranha das quais fui refém, mas hoje sou Senhora. Estendi sob meus pés o manto mais azul que o mais atento pássaro viajante jamais sonhou enxergar e não satisfeita tingi suas bordas do rubro líquido escorrido da fera. Sofri as agruras da minha arrogância sendo subjugada, estuprada, sodomizada pelos homens de pele escura e nariz adunco. Gerei seus filhos e os fiz meus totalmente, assumindo os cinqüenta per cento de herança que eles me deixaram. Mas não lhes entreguei minha coroa. Vingativa, aviltei e também estuprei outros homens de outros povos, pelo simples prazer de tirar-lhes os ouros e as dignidades. Tão grande foi minha influência, tanta firmeza mostrei-lhes em minha absoluta autoridade que até hoje metade das pessoas entendem o que quero dizer. Agora sou uma velha senhora, talvez a mais velha de todas as que me cercam, minhas forças já se foram há muito, mas conservo ainda toda a minha personalidade e o meu orgulho.

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